Sensações de ansiedade e medo surgem diante da exposição a perigos iminentes. O medo tem como finalidade a defesa frente a acontecimentos determinantes de risco físico ou emocional.
Situações cotidianas são geradoras de ansiedade e assim deve ser para que seja possível a resolução de problemas, desde os mais simples até os mais complexos.
Certas pessoas costumam conviver com altos níveis de ansiedade e se adaptam a tal sofrimento psíquico. Tratam isso como uma característica de sua personalidade, assumindo um esforço exagerado na resolução de problemas cotidianos.
Esses mesmos indivíduos costumam ocupar seu pensamento com “pré-ocupações mentais”, ou seja, estão sempre preocupados em relação a futuras situações ou desempenhos aos quais serão futuramente submetidos. Como exemplo, cita-se o caso de pessoas que, por meses a fio, carregam seu trabalho em suas mentes, estejam onde estiverem (em casa, em um ambiente de lazer). Apesar de muitas vezes se darem conta de que tal preocupação é excessiva, não conseguem controlar esse sentimento. Outro exemplo está no caso de um estudante que, mesmo diante de um bom desempenho na escola ou faculdade, se preocupa em demasia com possíveis supostas dificuldades futuras. Junto com essa preocupação excessiva, estão presentes irritabilidade, sono perturbado, dificuldade para se concentrar e ter bom fluxo de pensamento, associando-se o cansaço exagerado (especialmente mental).
As características acima – tomando-se por base a preocupação excessiva, por tempo prolongado, diante das situações cotidianas e a dificuldade de desviar o pensamento para outras situações – devem servir como sinal de alerta para a possibilidade de Transtorno de Ansiedade Generalizada.
Tal quadro é mais comum em mulheres do que em homens. Geralmente, os pacientes não identificam o quanto sua ansiedade lhes causa prejuízo emocional, econômico e profissional. Costumam procurar médicos clínicos e apresentar repercussões físicas de sua exposição exagerada à ansiedade e ao estresse. Dores osteomusculares, sintomas cardiológicos e dificuldades cognitivas são comuns. Pelo longo período e sofrimento psíquico contínuo, que pode se estender por meses ou anos, os pacientes são futuros candidatos a Transtornos Depressivos.
O reconhecimento da ansiedade generalizada como algo mais profundo do que uma mera característica de personalidade, oferece a chance de o indivíduo procurar tratamento e não aceitar a ansiedade que passou do ponto. O desgaste exagerado de energia psíquica em situações que poderiam ser melhor manejadas será cobrado no futuro.
Pensamentos que se sobrepõem a outros não devem ser encarados como característica individual e sim como fonte de futuros problemas psicológicos e psiquiátricos.
A mensuração da fronteira entre o normal e o patológico deverá ser acompanhada por especialista. O autodiagnóstico deve ser evitado. Diante da suspeita acerca do exagero no nível de ansiedade, caberá ao profissional de saúde mental auxiliar em tal mensuração. Sabe-se que a maioria dos pacientes com Transtorno de Ansiedade Generalizada não valorizam e subestimam seus sintomas, chegam aos consultórios depois de anos de sofrimento e já com repercussões de sua doença. Quanto maior o tempo para iniciar o tratamento, mais prolongado e difícil será o manejo da ansiedade.
Dr Marcelo Bremm