A depressão na juventude por Dr. Marcelo Bremm

A depressão é uma das doenças mais antigas a ser observada e é descrita desde primórdios da humanidade. Apesar disso, a cada dia reserva surpresas em relação a sua sintomatologia e entendimento. Imagina-se, de forma errônea, que ansiedade e depressão são alterações típicas da idade adulta, e que crianças e jovens não são acometidos por tais problemas psiquiátricos. Na verdade, cada vez dá-se mais atenção ao diagnóstico precoce como forma de prevenir intercorrências no adulto. Dentro deste contexto, tem sido realizados estudos com objetivo de avaliar em qual momento surgem os primeiros sintomas depressivos. Relatório divulgado recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que a depressão é a principal causa de doença e incapacidade entre os jovens de 10 a 19 anos. Este é o primeiro relatório completo dedicado exclusivamente aos problemas de saúde que afetam os adolescentes. A depressão atinge adolescentes de ambos os sexos. A partir da adolescência sintomas depressivos e ansiosos são mais frequentes no sexo feminino. Segundo o relatório da OMS, estudos mostram que as pessoas que sofrem de doenças mentais registraram os primeiros sintomas desde os 14 anos. Para a OMS, tratar os jovens a tempo poderia evitar mortes precoces e sofrimento na idade adulta. Segundo o documento, as três primeiras causas de mortes de adolescentes são os acidentes de trânsito, a Aids e o suicídio, nessa ordem. As principais doenças que afetam os adolescentes são a depressão e os ferimentos decorrentes de acidentes de trânsito. Com estes estudos dedicados aos problemas de saúde que afetam essa faixa etária tem-se por objetivo chamar a atenção das autoridades em todo o mundo a estimular políticas para melhorar a vida dos adolescentes. Os especialistas da OMS acreditam que essa faixa etária é fundamental para estabelecer as bases de uma boa saúde na vida adulta. Serve também para desmistificar o pensamento usual e sem base de que a depressão, ansiedade e outras patologias ocorrem exclusivamente na idade adulta. O relatório mostra ainda que menos de um quarto dos jovens faz exercícios físicos em quantidade suficiente, e que em muitos países um em cada 3 jovens está obeso. O documento foi baseado em dados fornecidos por 109 países. A adolescência é período de muitas mudanças e gerador de ansiedade e conflitos existências. Nesta fase é comum distanciamento dos pais, períodos de instabilidade emocional e até crises de raiva. Para os pais fica, muitas vezes, difícil dar-se conta de quanto alterações comportamentais são ou não normais. Para isso torna-se importante ouvir educadores, amigos ou familiares sobre a conduta do adolescente. De qualquer forma, deve-se estar atento a sintomas como: queixas físicas frequentes, isolacionismo, tristeza sem razão aparente, crises de raiva e explosividade frequentes, dificuldades escolares, extrema sensibilidade, insônia e autoestima reduzida. O medo de pais iniciarem acompanhamento psicológico ou psiquiátrico em seus filhos é um dos principais problemas que pode levar a não identificação de problemas psiquiátricos e seu tratamento precoce. Por outro lado, muitos adolescentes trazidos a consulta saíram de consultório sem indicação de uso de medicação. Em caso de dúvida, recomenda-se aos pais submeterem seus filhos a avaliação com profissional de saúde mental. Dr. Marcelo Bremm

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