Traumas psicológicos e suas revivências por Dr. Marcelo Bremm

A palavra trauma tem em sua origem a necessidade de agente externo que consegue romper as barreiras de defesa normais e acaba por causar uma lesão. Do ponto de vista psicológico esta definição também é pertinente. Desde o nascimento, começamos a desenvolver mecanismos de defesa psicológica, tais mecanismos vão sendo aprimorados desde a primeira infância e chegam a seu ápice na idade adulta. O desenvolvimento de mecanismos de defesa garante uma aparente segurança para que diferentes estressores aos quais somos expostos no nosso cotidiano não nos causem lesão e para que possamos nos adaptar com mudanças ambientes que sempre são geradoras de ansiedade. No entanto traumas maiores podem romper tais defesas e levar a sofrimento psíquico duradouro com repercussão sobre fases importantes da vida de tais indivíduos. Os traumas psicológicos são resultados de eventos estressantes que quebram o senso “normal” de segurança.Surge a impressão de impotência com a nítida sensação de estar sendo subjugado, com risco “imaginário ou real” em relação a própria sobrevivência daquele que experimenta tal situação. A imensa maioria das pessoas já vivenciou situações com possibilidade de causar futuros traumas psicológicos, mas nem todos desenvolverão tal alteração. Isso se deve a características associadas aos próprios indivíduos, além da própria intensidade do trauma. É muito importante para o desenvolvimento de traumas emocionais o momento em que tais situações ocorrem. A infância, por exemplo, constitui-se em fase de extrema fragilidade. Neste periodo de vida quase todos as situações que envolvam abusos físicos, psicológicos ou sexuais terão impacto no futuro adulto. A criança ainda não desenvolveu mecanismos psicológicos capazes de protegê-las. Quanto mais indefeso que se sente, maior a chance do desenvolvimento do trauma. Sabe-se ainda que mulheres tendem a ser mais susceptíveis a solidificação e revivências de situações traumatizantes, com maior dificuldade futura de elaboração das mesmas. Outro aspecto importante é se evento gerador foi único ou se ocorreu de forma continua. Quanto maior a exposição a situação “traumatizante”, mas marcada será sua repercussão na vida psíquica de sua vitima. As revivências de situações traumatizantes tendem a causar sofrimento psíquico intenso. Sentimentos que vão dá culpa, vergonha e autopunição, até a sensação de raiva, irritação e oscilação de humor. Sensação de tristeza, desespero, ansiedade e medo são freqüentes. Os principais sintomas físicos associados as revivências de traumas incluem: períodos de insônia, fadiga, dores musculares, taquicardia, inquietude física, falta ou excesso de apetite. Sabe-se que muitos traumas e conflitos do passado, mesmo que aparentemente esquecidos, tendem a ressurgir em momentos que o individuo está com sensibilidade aumentada. Essas “memórias adormecidas” são fatores que tendem a acentuar sintomas depressivos e ansiosos. Situações cotidianas que relembrem o trauma também podem levar ao ressurgirmento de vivências negativas, como fator desencadeantes de episódios depressivos-ansiosos. Devemos ratificar o exposto acima, que os traumas e sua intensidade dependerão de vários fatores, principalmente individuais, e de como nos lembramos da situação estressante. Dr. Marcelo Bremm

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