Entendendo melhor as compulsões e dependências por Dr Marcelo Bremm

A psiquiatria tem se dedicado à análise e compreensão do que leva alguns indivíduos a compulsões (ato impulsivo alheio à vontade), sejam elas relacionadas ao abuso de álcool, drogas, medicamentos, jogos, sexo, exageros alimentares ou compras. Muitas pessoas são expostas, mas poucas, dentro de todo esse continente, realmente têm problemas relacionados a essas situações. Acreditava-se até a década de 1970, que a dependência química, sendo através do uso abusivo de álcool ou drogas, era algo relacionado exclusivamente à vontade e que tais indivíduos o faziam por fraqueza ou desleixo. Não se sabia que poderia estar relacionado a uma doença com características próprias, que é a Dependência Química. Com a descrição da Síndrome da dependência por álcool, observou-se a relação entre exposição às drogas e alterações relacionadas a abstinência. Posteriormente observou-se que características relacionadas à abstinência, serviam para outras substâncias, inclusive para o tabaco. Atualmente outras situações propensas ao abuso, que são cotidianas e necessárias como alimentação, sexualidade e ato de fazer compras tem causado transtornos e levam indivíduos a tratamento psicológico e psiquiátrico. Ocorrem nesses indivíduos, quando privados de tais atos, alterações físicas e psicológicas semelhantes à abstinência de drogas. A pergunta que se tem feito é a razão para que apenas uma percentagem relativamente pequena dos expostos a esses “prazeres” desenvolvam compulsões e descontrole. Em indivíduos que sofrem de compulsões suas vidas estão diretamente relacionadas a busca, evitação e sofrimentos relacionados a intercorrências destas relações “doentias” com objeto de satisfação. Já existem algumas respostas para entendermos as diferenças nas probabilidades de compulsões em diferentes indivíduos. Traços de personalidade impulsiva aumentam a chance de transtornos de adição. Dessa forma, poderão ocorrer diferentes compulsões no mesmo individuo: uso de álcool, drogas, descontrole nas compras, impulsos alimentares e etc. A história familiar é importante, sendo que existe componente genético e comportamental. Doenças mentais aumentam a chance de comportamentos compulsivos e de adicção. Devemos buscar a identificação de outras doenças psiquiátricas, como depressão ou ansiedade. Sabe-se que cada substância ou situação tem seu efeito individual, e que quanto maior o prazer que temos com algo, maior a possibilidade de abuso, principalmente quando individuo passa por “crise” emocional. O prazer, por exemplo, que se tem ao se alimentar com a refeição favorita, é diferente naquele “magrelo” que por vezes, esquece de comer; se comparado com outro individuo que luta com a balança e que se delicia intensamente a mesa. A comida é a mesma, mas o prazer é diferente nos dois. Isso serve para outras situações que estão sendo discutidas aqui. Falarmos que é fácil controlar uma compulsão, é menosprezar a dificuldade do outro. Frente a individuo sofrendo com situação compulsiva ou de adicção, devemos observar o que pode estar por traz de tal situação.  O tratamento psiquiátrico e psicológico é fundamental nessas situações. Dr. Marcelo Bremm

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