O Transtorno do Pânico consiste em uma das apresentações dos transtornos ansiosos, ou seja, está ligado diretamente à ansiedade e não a depressão como muitas pessoas pensam.
Outro aspecto bastante interessante, é que a manifestação de um ataque de pânico não significa que o indivíduo apresenta Transtorno de Pânico, que é considerado uma doença.
No ataque de pânico ocorre desconforto ou medo intenso que vem de forma abrupta atingindo seu ápice em poucos minutos. Associam-se, ainda, sintomas como palpitações, tremores, sensação de falta de ar ou asfixia, dor ou desconforto no peito, sensação de tontura, formigamentos pelo corpo, calafrios ou calorões, medo de morrer, enlouquecer ou perder o controle. Não há necessidade de apresentar todos esses sintomas para que se configure uma crise de pânico. Envolvem sintomas graves de ansiedade, de início rápido.
O diagnóstico do transtorno de pânico exige a apresentação, além de ataques de pânico, de um período de pelo menos um mês em que ocorra preocupação persistente a respeito de ter novos ataques ou preocupação com conseqüências das crises, no que se incluem medos de perder o controle, de sofrer um ataque cardíaco, de morrer ou “enlouquecer”, dentre outros. Além disso, para a conclusão diagnóstica, a crise não pode ser secundária ao uso de drogas ou substâncias psicoativas. Pode-se resumir dizendo que o Transtorno de Pânico se caracteriza por ataques recorrentes, espontâneos e inesperados de ansiedade, com início rápido e de curta duração.
É comum que as pessoas sujeitas a tais crises procurem serviços de emergência, mas muitas vezes não ocorre diagnóstico e manejo precoce. Sabe-se que sem tratamento é provável que os ataques de pânico continuem. Inicia-se ai uma maratona de exames e consultas a médicos de várias especialidades (pneumologia, cardiologia, neurologia, etc). Não raros são os casos de pacientes que procuram diferentes médicos de mesma especialidade em busca de sua doença rara “que não é diagnosticada por exames”. Claro que todo paciente deverá inicialmente passar por avaliação médica clínica.
Não ocorrendo diagnóstico e tratamento precoce, o Transtorno de Pânico progride, de forma que o indivíduo vai deixando de fazer coisas que antes fazia, justamente para evitar nova crise de pânico. Deixa de freqüentar ambientes sociais, como supermercados, festas, igrejas ou outros locais cotidianos. Vai temendo sair de casa como forma de evitar crises. Além disso, surge a necessidade de estar próximo a pessoas da família ou amigos, como forma de se precaver caso haja uma nova crise.
Ao contrário do que se pensa popularmente, o prognóstico a médio prazo do Transtorno do Pânico é bom desde que bem manejado inicialmente. O que devemos evitar é que o paciente incorpore as limitações da doença em sua vida.
A recomendação que fica é a necessidade de sempre se ter em mente que existe uma integração elementar entre físico e psicológico. Descartada causa orgânica para os sintomas acima descritos deve-se ceder à necessidade de avaliação psiquiátrica. Sentir alterações físicas não significa, necessariamente, a existência de uma causa física, podendo representar sintoma do emocional.
Dr. Marcelo Bremm