Sintomas depressivos ocorrem em todas as faixas etárias. No entanto, na terceira idade existem fatores agravantes que podem confundir ou complicar o tratamento. Nos idosos, muitas vezes, os sintomas depressivos andam juntos com doenças clínicas e neurológicas.
A depressão nessa faixa etária apresenta-se com sintomas físicos frequentes e “exagerados”, desesperança, ansiedade e preocupações excessivas referentes a aspectos principalmente ligadas à saúde e ao bem estar de familiares. Surgem também queixas de dificuldade de memória, lentificação psico-motora e falta de interesse com os cuidados pessoais. Um quarto dos idosos com quadro depressivo pode apresentar sintomas psicóticos (alucinações visuais e auditivas ou pensamentos delirantes).
Nesta faixa etária, deve-se estar atento para a possibilidade de os sintomas depressivos serem secundários a doenças como pós-Acidente Vascular Cerebral (AVC), doenças tireoidianas (hipo ou hipertireoidismo), doenças neurológicas – tais como Parkinson e Alzheimer, e ao uso de medicação com indicação clínica recentemente introduzida.
Aspecto muito importante é de que a depressão que surge pela primeira vez na terceira idade não apresenta componente genético tão importante como aquela que se manifesta em outras faixas etárias. Ademais, na terceira idade, a depressão tende a atingir as capacidades mentais, levando à letargia e à apatia, estando muitas vezes associada com anorexia (diminuição acentuada de apetite) e perda de peso. Sabe-se, ainda, que o tratamento de sintomas depressivos deve ser feito com rapidez para evitar sequelas nas capacidades mentais futuras do indivíduo.
Outra situação que deve ser levada em consideração para diminuir a chance de doença depressiva na terceira idade é a necessidade do controle correto de doenças clínicas, como hipertensão arterial, diabetes melitos e dislipidemias. Tanto é assim que hoje se usa o termo “depressão vascular” justamente para sumarizar a associação entre arteriosclerose e depressão.
A depressão do idoso interfere negativamente em doenças clínicas, exacerbando o grau de incapacidade, o que acaba levando ao aumento dos sintomas depressivos.
O risco de sintomas depressivos neste período de vida é também justificado por ser, a terceira idade, o momento em que geralmente o sujeito é confrontado com a incapacidade de assumir ou de permanecer no controle de situações cotidianas. Além disso, doenças físicas e falecimentos de entes queridos colocam em evidência as limitações humanas.
A estratégia de enfrentamento da depressão na terceira idade consiste no uso de remédios de forma regular, na prática de exercícios físicos, no envolvimento em atividades sociais, no cultivo da religiosidade, no enfrentamento de doenças clínicas que possam aparecer e na constante tentativa de adaptação às novas condições de saúde.
Como em outras questões da psiquiatria, caberá ao profissional de saúde mental a diferenciação entre o normal e o patológico.
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Dr. Marcelo Bremm