Relação entre Depressão e capacidades mentais por Dr. Marcelo Bremm

Pacientes depressivos comumente apresentam queixas que envolvem dificuldades de memória, de atenção em atividades cotidianas, de raciocínio ou de associação de pensamentos anteriormente realizados com facilidade; referem, ainda, “perderem-se nas palavras” quando durante uma conversa. Ou seja, é comum que, juntamente com a depressão, surjam dificuldades na aquisição e processamento de conhecimentos.

Durante um episódio depressivo, verifica-se uma lentificação de todos os processos psíquicos, com comprometimento mais marcado da atenção, da memória e do curso do pensamento. Esses aspectos estão interligados intimamente: com a diminuição da atenção (por exemplo, redução na capacidade de concentração para leitura, para assistir filme, ou aula), as informações a que o indivíduo está exposto não serão armazenadas. Assim, referências de dificuldade de memória e esquecimentos frequentes passam a constituir queixa comum de pacientes depressivos.

Muitas vezes, pacientes depressivos manifestam respostas curtas e evasivas. Tem-se a nítida percepção de que tentam escapar ou apresentam muita dificuldade para manter uma simples conversa cotidiana.

Outro aspecto bastante importante está no fato de que a depressão pode determinar seletividade da memória. O deprimido tende a interpretar de forma exageradamente negativa suas experiências, principalmente aquelas que envolvem perdas ou frustrações. Acaba, aos poucos, sem se dar conta, tendo uma visão distorcida em relação à autoimagem (ao seu próprio ser), ao mundo que lhe rodeia e ao futuro. Por mais estranho que possa parecer, o deprimido tende a ter melhor memória para eventos negativos do que positivos. E quanto mais recorda fatores negativos, mais fica agravada essa distorção, ou seja, a vida poderá parecer, aos seus olhos, “um mar de tristezas”.

Necessário lembrar que o “pensamento depressivo” não é realizado conscientemente pelo paciente, mas vai se mostrando de forma natural com a evolução da doença. É preciso aguardar o tempo certo para que o próprio paciente vá melhorando e se dando conta de que o futuro pode ser bom e que, talvez, o presente não esteja tão ruim como imagina.

As percepções negativas de “mundo” e “vida” acabam tendo importante papel no início e, posteriormente, na manutenção da depressão.

Deve ser dada atenção especial à tendência de algumas pessoas no sentido de buscar aspectos negativos de si mesmas, de familiares e da vida como um todo. Esses indivíduos podem apresentar predisposição para sintomas depressivos futuros ou sintomas depressivos leves (que talvez passem despercebidos).

Observa-se que, mesmo com o tratamento e a melhora de sintomas depressivos, poderá haver sequelas cognitivas (memória, pensamento, etc.) após uma crise depressiva. Daí a importância de esclarecer que o não tratamento da depressão e de outras doenças psiquiátricas, poderá sujeitar o paciente à diminuição das capacidades mentais no presente e no futuro.

 

Dúvidas e/ou sugestões podem ser encaminhadas via e-mail para: contato@plenamentesaude.com.br

Dr. Marcelo Bremm

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