“Entendendo melhor o Transtorno Afetivo Bipolar” por Dr. Marcelo Bremm

A crise eufórica bipolar se caracteriza por aumento de energia, auto-estima inflada e idéias grandiosas com hiperatividade, insônia e desinibição social. O individuo por apresentar fluxo exagerado de idéias tende a se perder no próprio pensamento. Nesta fase, o paciente sente-se rápido, tendo a impressão que outras pessoas estão lentas, com a sensação que esta em sua plenitude de energia vital e que nada e nem ninguém conseguirá tira-lo de seu caminho vitorioso. À medida que os que lhe rodeiam, familiares e amigos, lhe dizem que esta exagerando em suas aspirações tende a desconfiar deles. Ao rumar para o aprofundamento da crise eufórica tende a desconfiança, irritabilidade e por vezes agressividade.

Em um segundo momento, a energia antes tida como inesgotável começa a dar sinais de fraqueza e iniciam sintomas disfóricos (alternâncias abruptas de sorrisos, alegria e exaltação para tristeza, choro e desespero).

E por fim, no ciclo da bipolaridade advém a depressão extrema em que a energia exauriu-se. Falta energia necessária às mínimas atividades cotidianas. A sensação, neste momento, é de completo desespero e aniquilação emocional. Ideações suicidas são comuns e infelizmente muitas tentativas de suicídio ocorrem.

Nestes períodos distintos o paciente irá a extremos em alguns dias ou emanas. Sabe-se que no Transtorno Afetivo Bipolar, como em outras doenças psiquiátricas, existem diferentes níveis de gravidade desde mais leves até quadros francamente psicóticos.

Muitos Indivíduos com diagnóstico de bipolaridade e tendo saído da crise, não reconhecem aquelas atitudes intempestivas como suas e “se convencem” de que aquilo foi um exagero e que nunca mais ocorrerá novamente. Justificam o que ocorreu como resultado de uma sobrecarga ou estresse. A negativa da existência de um transtorno psiquiátrico levará a não aderência ao tratamento a médio e longo prazo.

Se sabe que o tratamento da bipolaridade deverá ser de longo prazo e que se não tratado existe risco real de retorno da doença. A cada 100 pacientes que interrompem o tratamento 47 voltam a ter a crise em menos de um ano; e 92 em até 2 anos. Dessa forma, ao decidir interromper tratamento o paciente deverá estar ciente de que terá uma grande chance de nova crise bipolar. Além disso, a cada crise a gravidade aumenta e novas crises são cada vez mais prováveis.

Quanto mais graves e freqüentes forem as crises, maiores as possibilidades de seqüelas emocionais e comportamentais deixando o sujeito cada vez mais ligado a doença que tanto tentou negar.

O principal desafio no tratamento do paciente bipolar é que o mesmo aceite o tratamento e que se de conta que ao abandonar tratamento dará um passo importante em direção a novos episódios.

Por outro lado, o tratamento medicamentoso e psicoterápico que tem por objetivo a estabilidade emocional levarão o paciente com transtorno afetivo bipolar a uma boa qualidade de vida “sem os altos e baixos extremos” que são comuns na bipolaridade.

Dr. Marcelo Bremm

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