A primeira consulta psiquiátrica é muito importante tanto para o médico responsável pela avaliação quanto ao paciente que se submete a ela na busca de melhora na sua qualidade de vida. A partir dela, deverá se estabelecer uma relação médico-paciente e o reconhecimento mutuo com importância de ambos como par terapêutico. Familiares poderão ser convidados a participar da consulta desde que médico ou paciente vejam essa necessidade.
Muitos pacientes ficam intrigados de como ela se desenrolará e de como deverão se comportar na mesma. Será que deverão contar toda sua vida emocional para que profissional médico descubra onde está o “fio da meada”? Como devem se comportar para que o profissional descubra as causas dos males emocionais que lhe atingem no momento atual? Será que deverão selecionar o que julgam mais importante para não induzir o psiquiatra a erros de diagnóstico? Essas são apenas algumas das inúmeras dúvidas possíveis que permeiam as mentes principalmente dos ansiosos.
Pela preocupação excessiva de como será sua consulta muitos pacientes se frustram ao final da mesma por não terem contado todos os aspectos que julgam relevantes. Muitos pacientes querem, mesmo antes de consultar, passar um relato de seus sintomas para ter certeza que a consulta será frutífera. Dessa forma, infelizmente, eles acabam consultando uma única vez e por vezes já se sentem frustrados mesmo antes de consultar, desistindo quando o profissional se nega a fazer a tal pré-consulta. O paciente ansioso muitas vezes é assim, tira muitas conclusões baseadas em suposições que corresponde as suas aspirações e não a realidade absoluta.
Quando um paciente entra em consultório pela primeira vez com determinado profissional deverá, para ter uma consulta satisfatória, deixar que as coisas transcorram com naturalidade e caberá ao profissional de saúde mental captar e associar os pensamentos do paciente e suas idéias que estão sendo expostos. Dessa forma, o psiquiatra deverá deixar o paciente falar livremente e ao mesmo tempo estar atento para saber a hora certa de conduzir a entrevista.
O alerta que se faz ao paciente em primeira consulta é que seja espontâneo e isso fará muita bem a entrevista. Deve estar ciente que o psiquiatra carrega em sua bagagem profissional pelo menos centenas de entrevistas para cada ano de exercício profissional. Ou seja, com a experiência do psiquiatra será muito mais fácil detectar e tratar as doenças psiquiátricas e suas conseqüências.
A boa entrevista psiquiátrica é aquela produtiva e com resultados a médio prazo e não aquela que parece ser conclusiva e ótima a primeira vista. O paciente que sai aliviado na primeira consulta não necessariamente retornará, por outro lado consultas pesadas e tensas na primeira vez revertem em bons vínculos terapêuticos a médio e longo prazo. Claro que quanto mais avaliações o paciente fizer mais fácil será compreender o seu “mundo psíquico” e estabelecer-se a terapêutica adequada.
Por Dr. Marcelo Bremm