Sintomas depressivos e alterações do Sono por Dr. Marcelo Bremm

Sintomas depressivos como desânimo, desesperança, tristeza, perda de prazer com atividades da vida cotidiana, são cada vez mais conhecidos, à medida que a depressão vem assumindo seu papel como sendo uma das doenças psiquiátricas mais comuns.

Por outro lado, sintomas depressivos podem iniciar de forma gradual e sorrateira atingindo aspectos que muitas pessoas não associam com a depressão. Dentro deste contexto devesse destacar as alterações do Sono como tendo importante papel como um dos sintomas iniciais da depressão, para checarmos a eficácia do tratamento e também para atentarmos para a possibilidade da doença estar retornando.

A grande maioria dos pacientes com depressão (literatura refere 80 por cento), apresentam queixas relacionadas a alterações do padrão de sono, sendo que a insônia é destacada. As alterações relacionadas a insônia podem incluir insônia inicial(dificuldade para iniciar o sono), intermediária(dificuldade de manter o sono) ou insônia terminal(despertar precoce).

As queixas podem ainda incluir despertar noturno frequentes, com dificuldade de retorno ao sono, sono não restaurador, redução de número total de horas de sono ou ainda sonhos perturbadores. Em relação aos sonhos, são comuns a algumas pessoas sonhos recorrentes que causam aflição e podem indicar um período de maior angustia e ansiedade, muitos pacientes podem pressentir que sintomas depressivos e ansiosos podem estar retornando.

Uma percentagem pequena de pacientes depressivos podem apresentar sintomas inversos aos descritos acima, com reclamação de excesso de sono noturno e sonolência diurna. São comuns nestes pacientes fadiga excessiva. Devesse ressaltar que tal situação é umas das características da depressão atípica.

Todas essas alterações acabam impactando na qualidade de vida e fica muitas vezes difícil estabelecer quem surgiu primeiro se a depressão ou as alterações do sono. Dentro deste contexto, pode-se afirmar que a acentuação de uma situação levará a piora de outra, já que depressão e “perturbações” do sono estão intimamente ligadas.

Uma vez realizado o tratamento para depressão e mesmo com boa evolução e melhora de sintomas depressivos pacientes poderão ter queixas de alterações de sono persistentes, como “sequela” de episódio depressivo. Nestes pacientes devesse estar atento para possibilidade de retorno de episódio depressivo já que se sabe que neste grupo são mais comuns recidivas da doença.

O tratamento das alterações do sono deve ser realizado ao mesmo tempo em que se trata sintomas depressivos pela relação entre esses dois contextos da saúde mental. Alguns antidepressivos poderão diminuir e outros acentuar os problemas de sono e advém dai a necessidade de uso criterioso de antidepressivos e necessidade de uso de outras classes de medicações, como indutores do sono.

De tudo anteriormente discutido devemos ressaltar que a alteração do padrão individual do sono poderá indicar a possibilidade de surgimento de sintomas depressivos, além de outras doenças psiquiátricas. A privação do sono desempenha importante papel no surgimento e recidiva da depressão. As alterações do sono devem ser tratadas para que se consiga uma resposta adequada aos medicamentos antidepressivos.

Dr. Marcelo Bremm

 

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