Como em outros aspectos do conhecimento humano, a Psiquiatria envolve doenças que, de tempos em tempos, são focalizadas e estudadas com mais afinco, o que acaba levando a exageros de diagnóstico. Não é raro em consultório o paciente já chegar com diagnósticos prontos, “sugeridos por amigos ou colhidos na internet”, vêm ao psiquiatra apenas pra confirmar aquilo que supostamente já sabem.
Dentre todos esses diagnósticos, o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) corresponde, atualmente, ao mais comentado, passando a constituir um modismo, tanto por parte de médicos como dos pacientes. A confusão tem como ponto de partida a tentativa de encaixe de determinadas características individuais a um diagnóstico sugerido, do que decorre uma indução óbvia e, necessariamente, de pouco valor do ponto de vista médico.
A impulsividade e as alterações repentinas de humor são comuns a inúmeras doenças psiquiátricas e não se manifestam somente no TAB, como muitos pacientes e inclusive alguns médicos imaginam.
O diagnóstico do TAB, anteriormente denominado Psicose Maníaco-Depressiva, só se faz possível diante da presença de alguns critérios a seguir citados. O referido diagnóstico deve estar além de episódios de ações impulsivas ou de alternâncias de humor.
No TAB, o sujeito deve apresentar humor anormal, animado e expansivo por pelo menos uma semana. Nesse período, fazem-se presentes sentimentos de grandeza, há diminuição do sono e o paciente fica mais falante. O sujeito pode envolver-se em situações prazerosas (como compras em excesso, exposição moral ou física) e/ou em situações arriscadas, às quais não se submeteria normalmente. Normalmente, apresenta muitas idéias e, por vezes, se perde frente ao exagero das mesmas. Tal alteração do humor leva, necessariamente, a repercussões no trabalho, na família e na vida social.
O paciente que sofre com sintomas emocionais diversos – como, por exemplo, depressão ou ansiedade – pode apresentar períodos de irritabilidade ou impulsividade intensos. No entanto, se observado de perto, é possível verificar que essa impulsividade difere daquela do bipolar em inúmeros quesitos, principalmente no aspecto de que, no TAB, o paciente sente-se aparentemente bem e em outras doenças emocionais, a mesma impulsividade ocorre como forma de desespero ou como alívio do sofrimento psíquico.
Importante frisar que geralmente o paciente bipolar busca ajuda médica quando se encontra na fase depressiva da doença. Dificilmente o fará durante a fase eufórica e impulsiva.
De qualquer forma, é necessario concluir que a bipolaridade deve ser respeitada em sua importância. Diante do diagnóstico cuidadoso, o paciente precisa ser submetido ao tratamento adequado.
Ressalta-se, novamente, por tudo o que já foi dito, a impossibilidade do autodiagnostico, pois somente um profissional com boa experiência saberá avaliar e diferenciar características pessoais, excessos dentro da normalidade e quadro de doença que exige tratamento medicamentoso ou psicoterápico. Testes auto-aplicáveis apresentam pouco valor na Psiquiatria, área médica que prima pela integração entre sintomas e contexto psicossocial de cada indivíduo, sob pena de graves erros diagnósticos.
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Dr. Marcelo Bremm