Depressão na adolescência por Dr. Marcelo Bremm

Existe um interesse cientifico atual em relação à depressão em adolescentes. Sabe-se que ela é mais comum do que se pensa, podendo ser debilitante e recorrente. Até duas décadas atrás se acreditava que a depressão fosse rara nesta faixa etária.

Estudos epidemiológicos apontam que pelo menos 25 por cento dos adultos depressivos tiveram primeiro episódio depressivo antes dos dezoito anos de idade. Na adolescência começam a ocorrer diferenças nas freqüências de depressão entre meninos e meninas, sendo que a depressão começa a ser mais freqüente no sexo feminino.

Dos dez aos quatorze anos ocorre aumento de 3 a 4 vezes no índice de depressão. Ou seja, com as alterações hormonais e consequentemente físicas, o adolescente acaba sendo sobrecarregado pelas necessidades de adaptação típicas deste período. Alterações comportamentais ocorrem e devem ser consideradas normais até certo grau.

Quanto aos sintomas e critérios de diagnósticos, não existem diferenças significativas entre adultos e adolescentes. O que se observa na pratica é que o adolescente apresenta muita dificuldade de externar sentimentos como tristeza ou depressão. Muitas vezes, o adolescente sente, mas dificilmente poderá explicar tais sentimentos. Nessas situações acaba demonstrando através da conduta: torna-se arredio, irritado, explosivo, apresentando baixo rendimento escolar e pouca busca de prazer em atividades cotidianas. Em muitos momentos, nega-se a falar sobre futuro, com desesperança em suas possibilidades e capacidades.

Típicos sintomas depressivos desta fase incluem: dificuldade de concentração, alterações de peso, queixas físicas (dor abdominal, fadiga e dores de cabeça), problemas de abuso de álcool ou exposição a drogas.

Fatores de risco para depressão nesta fase incluem presença de depressão em um dos pais, histórico de abuso físico, sexual ou moral na infância, falta de suporte familiar e habilidades sociais. Perda de um dos pais, irmão ou amigo próximo também são fatores que devem ser observados.

Devemos suspeitar de depressão frente a algumas situações como: problemas escolares, comportamento de exposição física ou sexual, brigas freqüentes, explosões de raiva e hostilidade com família, amigos e professores.

Acredita-se que o pico dos sintomas depressivos nesta faixa etária ocorre dos quatorze aos quinze anos.

Adolescentes com depressão possuem um grande risco de recorrência da depressão que se estende até idade adulta, o tratamento precoce poderá diminuir a chance deste desfecho ou de sua gravidade futura.

Constitui-se preocupação freqüente, entre pais e cuidadores de adolescentes, o suposto risco do uso de medicações nesta faixa etária. Muitas pessoas de forma desinformada associam tal uso precoce com o aumento da possibilidade de uso de remédios por esse mesmos indivíduos na idade adulta. No entanto, deve ficar claro que não se deve deixar o jovem a mercê da depressão sem dar-lhe a chance de melhorar. Boas vivências psicológicas neste período do ciclo vital são fundamentais para desenvolvimento de um futuro adulto saudável.

O tratamento na adolescência deverá ser iniciado somente após avaliação criteriosa por profissional de saúde mental e envolverá a entrevista do jovem e de sua família.

Dr. Marcelo Bremm

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