Sabe-se que as mulheres são acometidas duas vezes mais que os homens por sintomas depressivos e ansiosos. Até a adolescência meninos e meninas apresentam os mesmos riscos de desenvolver sintomas depressivos. A partir da puberdade, as mulheres começam a apresentar prevalência maior de depressão. Após os cinqüenta anos novamente os números começam aos poucos se equilibrar havendo cada vez menos diferença entre os sexos.
Acredita-se que tal diferença ocorra por questões reprodutivo-hormonais, já que as mulheres passam por alterações hormonais mensalmente. Além disso, ocorrem outros períodos mais intensos neste contexto fisiológico que são o período gestacional e também a menopausa.
Há que se notar que fatores externos como jornada de trabalha exaustiva e tripla, muitas vezes a mulher acaba trabalhando em turnos normais e ainda encarregando-se de afazeres domésticos. Essa sobrecarga cotidiana, aliada as alterações hormonais fisiológicas colocam as mulheres em risco para sintomas depressivos-ansiosos.
Em relação à menopausa, estudo brasileiro avaliando mais de 2500 mulheres com idade entre 45 e 55 anos apontou que o inicio da menopausa não esteve associado com aumento de incidência de depressão, mas observou-se que os sintomas depressivos já estão presentes 4 a 5 anos antes, e muitas já entram na menopausa com sintomas depressivos.
O período do climatério (período em que ocorre irregularidade menstrual e que antecede a menopausa) é desta forma, mais importante na abordagem profilática e tratamento precoce dos sintomas depressivo-ansiosos nas mulheres. Neste período pré-menopausa pode ocorrer fogachos, distúrbios do sono, dores, fadiga, irritabilidade, distúrbios do humor e diminuição da libido.
A gestação é considerada por muitos como um período que protege as mulheres dos sintomas psiquiátricos. No entanto, uma em cada dez mulheres poderão ter sintomas depressivos neste período. Deprimidas durante a gestação apresentam risco de até cinqüenta por cento de depressão no pós-parto. Fatores de risco que aumentam chance de depressão na gestação incluem: história prévia de depressão, idade gestacional (quanto mais jovem, maior o risco de depressão), falta de amparo familiar, gravidez não planejada, história de tratamento para infertilidade, história passada de abuso físico, emocional ou sexual, além de problemas durante a gestação que envolvam a necessidade de grande repouso.
A depressão pós-parto é caracterizada por sintomas depressivos que ocorrem de um mês até um ano após a gestação. Não se deve confundir com alterações emocionais disfóricas, que podem ocorrer em até 50 por cento das mulheres puérperas. A tristeza pós-parto, que é comum, geralmente inicia em poucos dias pós-parto e desaparecem em até 15 dias. Por outro lado, a depressão pós-parto deve ser tratada de forma firme para evitar repercussões para saúde emocional futura da mãe e de seu bebê.
Pelo discutido acima, fica claro a necessidade de se levar em consideração etapas da vida reprodutiva da mulher que podem estar associadas com risco de sintomas depressivos-ansiosos. O diagnóstico precoce evitará futuros agravos com repercussão positiva na qualidade de vida. A verificação dos sintomas e necessidade de tratamento dependerá de avaliação especializada.
Dr. Marcelo Bremm