A depressão, suas causas, conseqüências e seu diagnóstico são assuntos corriqueiros. É algo que vem suscitando debates tanto em campos técnico-cientificos: médicos e previdenciários; como em outros, como religiosos e filosóficos. A única coisa que se pode dizer com certeza é que, em todos esses ramos de conhecimento humano, constitui-se em algo que gera polêmica com ferrenhos partidários que, ou defendem sua existência, ou a descartam como sendo uma invenção moderna.
A polêmica atual sobre tal assunto produz pontos positivos e negativos para melhor entendimento desta, que é uma das doenças mais antigas e freqüentes a afligir a existência humana.
Entre os pontos positivos da discussão sobre depressão poderíamos citar o diagnóstico precoce que leva a melhores resultados terapêuticos a médio e longo prazo. Quando patologias tão freqüentes como depressão, começam a ser tratadas precocemente diminui-se suas conseqüências silenciosas e dá-se chance real dos que são acometidos por tal situação de se tratarem e começar a viver longe das sombras do “desânimo”. A depressão pode acometer crianças, adolescentes, todas as fases da idade adulta e também a terceira idade. À medida que algumas pessoas “realmente deprimidas” iniciam tratamento e começam a ter resultados práticos ocorre socialmente mudanças na forma de se agir em relação aos deprimidos, começa-se a deixar de lado crenças religiosas e de julgamento moral; dá-se ao deprimido o direito de “um doente” que pode e deve se tratar para melhorar a sua qualidade de vida e consequentemente de sua família.
Quando notou-se que a depressão era muito mais freqüente de que se imaginava ela começou a ser cada vez mais estudada. Com o desenvolvimento de novas medicações cada vez de mais fácil uso, pacientes com sintomas depressivos, mesmo leves ou moderados começaram a ser tratados. Cabe lembrar que primeiros antidepressivos surgiram na década de 1950 e eram carregados de efeitos colaterais o que deixava o tratamento restrito a casos graves de depressão.
A popularização do tratamento da depressão é certamente umas das causas do esvaziamento dos hospitais psiquiátricos. Existiam verdadeiras cidades-hospitais, citá-se o Hospital Psiquiátrico São Pedro em Porto Alegre que em seu auge já chegou a ter com mais de 5000 internos. Aos críticos do tratamento com antidepressivos pergunta-se aonde estão esses pacientes? A verdade é que pessoas que hoje convivem conosco seriam, há algumas décadas, candidatas a reclusão desumanizada dos antigos manicômios.
Quanto aos aspectos negativos da superexposição na mídia da depressão é a tendência atual ao diagnóstico “exagerado”, com confusão freqüente entre depressão, tristeza, frustração, inconformismos e inquietudes próprias da existência humana.
A depressão pode ser também ser usada (raramente), por não depressivos, intencionalmente para justificar fracassos financeiros, descontroles de impulsos e até atitudes extremamente agressivas. Fique claro que o verdadeiro depressivo não busca proveito próprio em seus sintomas depressivos e que perde com a depressão. A depressão poderá ainda estar por traz de muitas tragédias pessoais, mas ela surge antes dos acontecimentos e não poderá ser usada como artifício por aqueles que sofrem pela repercussão de atos voluntários desastrosos. O paciente com depressâo sofre com a doença e que, quando envolvido em situações extremas, não buscou “prazer” e sim foi vitima da mesma.
Muitas doenças psiquiátricas causam sintomas depressivos e caberá ao especialista em saúde mental a definição diagnóstica.
Dr. Marcelo Bremm