Medos exagerados, dúvidas que em situações racionais não seriam pertinentes, pensamentos que se repetem obsessivamente e atos repetitivos (manias) constituem apresentações da ansiedade patológica, o que encaminha à discussão de uma importante doença psiquiátrica: o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (T.O.C.).
A seguir serão definidos aspectos importantes à compreensão dos fatores que servem de alerta para o momento certo da busca de avaliação profissional ou da necessidade de tratamento.
Pensamentos obsessivos são idéias, imagens ou impulsos que povoam a mente do indivíduo de forma repetida e que causam sofrimento, já que não representam a vontade daqueles que apresentam tal pensamento. São angustiantes e envolvem situações de agressão a pessoas queridas, exposição a situações constrangedoras, sendo percebidas muitas vezes como sem sentido.
Citam-se alguns exemplos de pensamentos obsessivos: “uma mãe atormentada pelo pensamento de que possa cometer uma agressão contra seu filho a quem tanto ama”, “uma pessoa religiosa que começa ter pensamentos contra Deus ou a igreja, o que causa sofrimento e desespero”, “um jovem que pensa estar contaminado por HIV por ter apertado a mão de desconhecido, mesmo sabendo racionalmente que tal doença não é transmitida desta forma”, “pensamento de que a qualquer momento irá falar palavrão em uma reunião ou ambiente de trabalho”.
Deve-se lembrar que tais pensamentos não se encontram de acordo com o que o indivíduo realmente pensa, representam sim uma “desvirtuação ansiosa” do pensamento. São recorrentes e muitos pacientes se queixam de não conseguir pensar em outras coisas. Observa-se que pensamentos obsessivos podem levar a sintomas depressivos secundários.
Os atos compulsivos (“manias”) são usados inicialmente como forma de aliviar a ansiedade. No entanto, à medida que se intensificam, causam sofrimento, lentificação nas atividades cotidianas, chegando ao ponto de “trancar a pessoa”, ou seja, o sujeito acaba não terminando as atividades que começa ou fica ritualmente repetindo atitudes a ponto de chegar à exaustão física e psíquica.
A maioria dos atos compulsivos diz respeito à denominada “mania de limpeza”. Pode também se manifestar como “mania de conferência de fechaduras”, “mania de conferência de tarefas realizadas em casa ou no trabalho”, “realização de atividades lentamente para ter certeza de que tudo está sendo feito da forma correta”. Muitas vezes, por traz da repetição existe o medo velado de que “se deixar de repetir, ocorrerá algum mal para um familiar ou para si próprio”. De qualquer forma, importante ressaltar que atos e rituais compulsivos são mais facilmente tratáveis do que pensamentos obsessivos.
Deve-se ter em mente que pensamentos e rituais obsessivos leves podem ser comuns e não significar doença. Entretanto, quando começam a interferir nos vínculos familiares e/ou de trabalho, ou a provocar sofrimento psíquico, devem ser de pronto tratados. Não se deve acostumar ou adaptar a vida às limitações impostas pela ansiedade.
Necessário esclarecer que não há culpados pelos pensamentos obsessivos e que, tão logo haja melhora da ansiedade, eles irão embora.
Dúvidas e/ou sugestões podem ser encaminhadas via e-mail para: contato@plenamentesaude.com.br
Dr. Marcelo Bremm