O tratamento da depressão e sua abrangência por Dr. Marcelo Bremm

Que os sintomas depressivos são freqüentes, a população geral e médica não tem dúvida. Por outro lado, muitos duvidam que a depressão seja tão freqüente como se divulga em programas jornalísticos, rádios, jornais e revistas.

Médicos clínicos e especialistas (não-psiquiatras) que trabalham diretamente em saúde ambulatorial notam que o número de pessoas que se tratam para depressão cresce de maneira vertiginosa a cada ano. De onde estariam saindo todos esses diagnósticos de depressão e porque ela começa a ser tão tratada? Estaria sendo medicada em excesso?

Pessoas que não trabalham na área da saúde, por outro lado, observam cada vez mais que amigos e familiares surgem com tal diagnóstico. À medida que esses indivíduos ficam intrigados com tal situação e que começam a inquirir as mais diversas pessoas, surpreendem-se de que, independentemente de felicidade ou sucesso aparente, muitos se dizem deprimidos ou estão também em tratamento.

Na discussão abaixo tentaremos elucidar esta incógnita.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem se esforçado para entender as repercussões do não tratamento da depressão e o quanto ela é presente na vida da população mundial.

A OMS estima que 350 milhões de pessoas em todo mundo sofram de depressão ou problemas mentais. A depressão é doença comum em todas as regiões do mundo. Acredita-se que um em cada vinte pessoas apresentou critérios de depressão no ultimo ano. Ela estima que apenas cinqüenta por cento desses pacientes recebeu tratamento e que em algumas regiões mais pobres, menos de 10 por cento foi tratado. Crianças e jovens acabam sendo muitas vezes sub-diagnosticados levando ao agravo de doença que poderia ter melhor controle caso tratada de forma mais precoce.

A OMS conclui ainda que quanto mais desenvolvido o pais maior é o índice de diagnósticos de depressão. Além disso, cinqüenta por cento dos suicídios deveu-se a episódios depressivos.

Devido aos estigmas relacionados ao diagnóstico de depressão muitos pacientes deixam de ser tratados por não se admitirem doentes.

A vida agitada, com mudanças continuas , que exige uma grande capacidade de adaptação é um dos fatores para que índices de depressão sejam revisados para patamares superiores à medida que os anos passam.

Todas essas informações trazidas por estudos apoiados pela OMS devem nos deixar claro que a tendência atual é que a depressão assuma seu papel com umas das doenças mais prevalentes na população geral, independentemente de raça, cultura ou questões sociais. Variações de prevalência iram ocorrer, no entanto, ela será doença presente em todas as populações.

O medo que alguns médicos ou pacientes têm de iniciar ou manter tratamento para sintomas depressivos não se sustenta pelas evidências atuais. Necessitamos cada vez mais encarar a depressão como doença que pode agravar-se com repercussão pessoal e social futura.

O risco de não tratar deve ser levado em consideração. Claro que a avaliação diagnostica deverá respeitar regras estabelecidas pela área médica tanto de cunho moral, ético e técnico.

Por Dr. Marcelo Bremm

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