Vive-se num mundo cada vez mais prático e racional e com certeza quando se decide iniciar algo precisamos pesar os riscos e enefícios das atitudes que tomaremos a curto, médio e longo prazo.
A decisão de se iniciar um tratamento com medicação psiquiátrica deverá ser médica, no entanto o paciente, diferentemente de outras áreas médicas, terá papel ativo na decisão de usar ou não a medicação prescrita pelo médico assistente.
O ato médico de prescrição de medicação para depressão, ansiedade, transtorno do pânico e inúmeras outras doenças psiquiátricas, aparentemente simples, envolve inicialmente a aceitação do paciente de que terá necessidade de ajuda externa para lidar com um aspecto tão intimo que é a saúde mental. Determinados pacientes sentem-se extremamente tristes e de certa forma derrotados por serem candidatos ao uso de medicação.
Existe um tabu no uso de substâncias que possam influenciar na forma do individuo ser e agir. Deve ficar claro que o objetivo primordial do uso da medicação psiquiátrica é diminuir excessos que impedem o alcance de uma boa qualidade de vida mental e não modificar aspectos saudáveis que colaboram para grande diversidade de pensamento que é próprio da existência humana. A medicação deverá ser útil e não um peso a ser carregado pelo paciente, os efeitos colaterais deverão ser avaliados e minimizados com a escolha adequada da medicação. Caberá ao paciente o uso regular de medicação para maximizar seus benefícios de tratamento.
Neste item é importante ressaltar que infelizmente poucos pacientes seguem o uso regular de medicação e acabam sendo responsáveis pela ineficácia das medicações. Havendo indicação para tratamento, outro aspecto bastante importante que deverá ser levado em conta é estar ciente que quanto antes se inicia o tratamento melhor as possibilidades de melhora e menos graves serão as intercorrências futuras do que hoje se deseja tratar. Na medicina o tratamento precoce sempre terá um melhor prognostico quando comparado a doenças com longa evolução e tratamento inadequado, a psiquiatria como área medica que é encaixa-se perfeitamente neste contexto.
O uso de remédios na infância e juventude é assunto que suscita temores e angústia por parte de familiares. Alterações de comportamento na infância e juventude poderão ter grandes consequências na idade adulta e por isso não devemos reservar o tratamento apenas para adultos, deixando crianças e jovens a própria sorte. Claro que crianças e adolescentes respondem muito bem a manejos comportamentais e psicoterápicos.
A possibilidade e medo de dependência das medicações traz a tona outro grande temor daqueles que se aproximam do tratamento . Realmente as medicações deveram ser respeitadas em suas doses e algumas delas terão risco de que o “uso abusivo” cause dependência. No entanto, fique claro que este risco de dependência é muito mais uma exceção do que uma regra para remédios usados na psiquiatria, cita-se a principal classe de remédios da psiquiatria que são os antidepressivos os quais não causam dependência (claro que sua retirada deverá ser feita de maneira gradual e não de forma abrupta).
Não se deve temer as medicações psiquiátricas e sim, como dito antes, respeita-las e veremos que o seu uso cauteloso e com a devida indicação terá um “custo” muito baixo em relação aos benefícios que poderá trazer na qualidade de vida do individuo e de sua família.
Dr. Marcelo Bremm