Transtorno Afetivo Bipolar e seu tratamento por Dr. Marcelo Bremm

O Transtorno Afetivo Bipolar é uma doença psiquiátrica que exige, a partir de seu diagnóstico, acompanhamento a longo prazo. Talvez essa seja uma das doenças na psiquiatria de diagnóstico relativamente mais fácil, mas que, por outro lado, a manutenção do tratamento seja uma das mais difíceis.

A grande dificuldade surge quando pacientes bipolares, saindo da crise aguda, se confrontam com a necessidade de tratamento a médio e longo prazo. Tal situação decorre de algumas peculiaridades inerentes ao funcionamento psíquico dos pacientes e da necessidade de uso continuo de medicações mesmo quando o paciente tem a impressão errônea de que não precisaria mais de tratamento.

A Crise Bipolar é caracterizada por episódios de euforia com ânimo exaltado, energia exagerada, impulsividade, exibicionismo, pouca necessidade de sono, pressão para fala e exageros de comportamento; que num segundo momento, se converterá em sintomas depressivos , com desânimo para tudo, inclusive para se alimentar ou para os próprios cuidados pessoais.

Geralmente, pacientes bipolares chegam em consultório durante períodos depressivos, pois dificilmente se dão conta de que aquela “energia exagerada” e pensamentos rápidos faziam parte de uma desregulação biológica cerebral que culmina com a crise eufórica bipolar.

Dessa situação surge a primeira dificuldade no tratamento de pacientes com transtorno afetivo bipolar. Muitos pacientes depois da primeira crise bipolar começam a buscar novamente toda aquela “energia”, achando de que durante aquele período foram elas mesmo. Acham que tendo rapidez de pensamento conseguiram se realizar pessoalmente. Não se dão conta que aquela “energia extravagante” não pode ser controlada e que levará certamente a novo episódio depressivo.

Grande parte dos pacientes Bipolares apresentam uma personalidade e temperamento forte. Muitos apresentam um “funcionamento hipertímico”, ou seja, são normalmente mais falantes, expansivos e com bom pique para atividades cotidianas. Claro que na crise bipolar isso fica extremamente acentuado. Com frequência os pacientes queixam-se do

tratamento por tê-los deixados mais quietos ou menos expansivos do que eram e acabam muitas vezes abandonando tratamento justificando que o tratamento deixa-os mais travados. Justamente esse “travar” é que impedirá uma nova crise a seguir. Quanto mais crises, mais haverá sequelas na personalidade daqueles que as sofrem.

Depois da crise bipolar e de tratamento adequado muitos bipolares retornam a um funcionamento normal, ou seja, dentro do padrão de funcionamento pré-crise. Esses pacientes também resistem muitas vezes ao tratamento, pois se sentem absolutamente normais e não veem motivos para fazer tratamento já que “não sentem nada”.

Mesmo que o tratamento na maioria das vezes leve a uma remissão dos sintomas da crise, ou seja, tira o paciente da depressão, da mania ou da hipomania a necessidade de tratamento é inquestionável. “Uma vez que saiu da crise, a cada 100 pacientes que interrompem o tratamento, 47 voltam a ter uma nova crise em menos de um ano, e 92 em até dois anos. Como a taxa de recidiva é muito alta, existe um consenso internacional de que o paciente tem que fazer um tratamento profilático, preventivo, para evitar futuros episódios”, segundo a psiquiatra Maria das Graças de Oliveira (Professora Universidade de Brasilia).

Pelo exposto anteriormente salienta-se que após diagnóstico de Transtorno Afetivo Bipolar devemos estar atentos para necessidade de tratamento havendo ou não sintomas pós-crise.

Dr. Marcelo Bremm

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