Queixas físicas associadas ao emocional‏ por Dr. Marcelo Bremm

Sintomas depressivos e ansiosos podem levar ao desenvolvimento de queixas físicas aparentemente não relacionadas a aspectos afetivos. Essa integração é bastante frequente e pode passar despercebida tanto por parte dos pacientes como dos médicos que realizam o atendimento clinico. Sintomas físicos como dor de cabeça, dores pelo corpo, dores no peito, sensação de falta de ar, sintomas gastrointestinais (diarréia, constipação, enjôos ou vômitos) e fraqueza muscular levam inúmeras pessoas aos consultórios médicos clínicos. Muitos pacientes, após realizarem exames adequados, se deparam com um diagnóstico intrigante: “nada foi constatado do ponto de vista médico”. Não havendo uma justificativa para tais desconfortos. A existência de sintomas desprovidos de um diagnóstico médico determina, ao paciente, o início de uma série de dúvidas: “meus exames estão corretos? Devo procurar outro especialista ou repetir exames? Como posso sentir este desconforto e não ter nada?”. O desespero e o sofrimento emocional aumentam à medida que, novamente, os exames resultam negativos para doença física. Nesses casos, exames e avaliações médicas são repetidos e nada é constatado. O especialista (cardiologista, neurologista, pneumologista…) sugere, então, avaliação psiquiátrica. Para muitos pacientes isso é recebido e sentido como uma forma de agressão, uma vez que sentem a impressão errônea de que o médico está querendo lhe dizer que tudo o que tem é meramente “coisa da cabeça”. Na verdade, o encaminhamento para o médico psiquiatra devido a queixas físicas traz à tona a necessidade do paciente observar melhor suas emoções, bem como a constatação de que, por vezes, independentemente de ser homem, mulher, idoso ou criança, o indivíduo não consegue separar suas vivências emocionais de seu corpo . Em determinado momento, o corpo, sem nada perguntar à vontade consciente do indivíduo, começa a expressar o emocional e daí começam dores torácicas atípicas, falta de ar (em que parece que o ar está preso no tórax, que levam os pacientes a suspirarem com freqüência). Ou seja, dificilmente um médico conseguiria explicar tais sintomas sem pelo menos desconfiar da interferência do emocional em um processo aparentemente físico. Cabe ressaltar que quando houver suspeita da associação entre sintomas físicos e sintomas emocionais, o médico clínico ou psiquiatra, deve realizar exames e descartar definitivamente causa física. Outro aspecto importante é que não há consciência por parte do paciente acerca do que está ocorrendo e, realmente, ele está sentindo o que refere, sendo que a diferença com relação à doença física é que os exames são negativos não havendo constatação de patologia clinica. Devemos suspeitar de transtorno de somatização nos casos em que os sintomas não apresentam correspondência aos exames e avaliações médicas. Muitas vezes, os sintomas se deslocam para diferentes sistemas médicos não relacionados diretamente, por vezes associam-se dores pelo corpo, cefaléia, queixas respiratórias, gastrointestinais, cardiológicas, dermatológicas, e etc. O não reconhecimento da doença psiquiátrica leva, por vezes, a visitas freqüentes a especialistas e à intensificação do sofrimento psíquico. O acompanhamento psiquiátrico é extremamente importante e ajuda o indivíduo a assumir novamente o controle de sua saúde física e mental. Dr. Marcelo Bremm

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